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quinta-feira, 26 de março de 2015

REVIEW BLOODBORNE


 Bloodborne é o mais novo game desenvolvido pela From Software, a empresa por trás da punitiva série Souls. Lançado exclusivamente para o PlayStation 4, o título mantém o nível de dificuldade elevado que consagrou as obras de Hidetaka Miyazaki, além de introduzir uma jogabilidade mais dinâmica e exigente. 

Quando a morte lhe cai bem
Afinal, para que serve um jogo de videogame? Não, não é preciso refletir muito para que a palavra “divertir” venha à tona. Na época em que o mercado estava saturado de títulos descerebrados, eis que o produtor Hidetaka Myazaki apresentou ao mundo Demon’s Souls, um atípico RPG exclusivo de PlayStation 3.
Review: Bloodborne (Foto: Reprodução/Victor Teixeira)Bloodborne mantém o alto nível de dificuldade (Foto: Reprodução/Victor Teixeira)
O sucesso estrondoso da obra lançada em 2009 não foi por nada. Demon’s Souls tornou-se um clássico instantâneo. O tempo passou, os dois episódios de Dark Souls foram lançados, e a série cultivou uma legião ainda maior de fãs masoquistas.
A morte é, sem dúvida, a marca registrada da From Software. Se por um lado grande parte dos títulos encara a morte como algo natural, um simples deslize, uma mera falta de atenção durante a jogatina, por outro, a série Souls transformou o ato de morrer em uma disciplina que obrigatoriamente deve ser estudada.
Hoje, temos nas mãos Bloodborne. A ausência de exclusivos de peso na biblioteca do console mais recente da Sony contribuiu para sobrecarregar o game com um hype mastodôntico, praticamente imensurável. Será que Bloodborne é, de fato, o system seller que todos esperavam?
Bloodborne é mais um título punitivo da From Software (Foto: Reprodução/Victor Teixeira)Bloodborne é mais um título punitivo da From Software (Foto: Reprodução/Victor Teixeira)

Morrendo e aprendendo

Depois de morrermos dezenas de vezes, o abate seguinte já estava desenhado na tela. De um lado, um porco colossal permanecia estático, grunhindo, fitando o caçador e se preparando mentalmente para atacá-lo. Do outro, lobisomens quadrúpedes e seres fantasmagóricos gigantes protegiam um enorme portão em uma região aberta envolta por construções rústicas e catedrais góticas. O caçador, com um imenso machado revestido com frases proféticas, brandiu o armamento de forma indolente. É claro: morremos de novo.
Bloodborne literalmente arremessa o indefeso caçador na cidade de Yharnam, uma versão mórbida e deturpada da Era Vitoriana, que parece ter sido influenciada pela Peste Negra. Sem saber o que fazer, tudo o que o jogador tem à disposição são breves orientações gravadas no chão do Sonho do Caçador, que servem para explicar como os comandos mais simples funcionam na prática.
Não há sequer um tutorial explicando conceitos básicos. Inclusive, você precisará se virar nos trinta para descobrir qual é o próximo destino do personagem, visto que não existem mapas para orientá-lo.
Descubra o seu próprio caminho (Foto: Reprodução/Victor Teixeira) (Foto: Descubra o seu próprio caminho (Foto: Reprodução/Victor Teixeira))Descubra o seu próprio caminho (Foto: Reprodução/Victor Teixeira)

O local seguro do personagem é conhecido como Sonho do Caçador. Lá, é possível presenciar enigmáticos monólogos, realizar melhorias com ecos de sangue, fortificar armas, gerenciar, comprar e vender itens etc. A localidade é cercada por lápides e altares, que transportam o jogador para outros distritos e dungeons de Yharnam.
Bloodborne é um jogo de ação em terceira pessoa com elementos de RPG, que foi influenciado pela mesma fonte de Dark Souls. Contudo, os fãs experientes da série Souls precisarão deixar os escudos de lado, já que aqui a melhor alternativa é se esquivar. O game apresenta o combate mais rápido e dinâmico já criado pela From Software, transparecendo até uma certa influência do gênero Hack n’ Slash.
Em Bloodborne, o caçador deve munir-se de armas de fogo - que são muito úteis em diversos boss, já que conseguem interceptar ataques - e um armamento de ataque corpo a corpo. O número de armas presentes no arsenal não é grande, mas todas são bem variadas, possuindo características e transformações únicas.
Personalize o seu caçador com armas e acessórios (Foto: Reprodução/Victor Teixeira)Personalize o seu caçador com armas e acessórios (Foto: Reprodução/Victor Teixeira)
Além do mais, utilizando o botão L1, o jogador consegue transformar a arma em outro item mortal. No caso do armamento escolhido durante os testes, optamos por um bastão que, através do botão de transformação, foi transmutado para um chicote bastante eficaz.
A mecânica de batalha é extremamente violenta, fluida e precisa, deixando até a jogabilidade de Dark Souls na saudade. Na verdade, o sofrimento de não conseguir passar por um boss, por exemplo, é amenizado pelo combate viciante, responsivo e recompensador.
Paciência também é uma virtude em Bloodborne. Porém, ficar na defensiva normalmente custa caro. Por possuir um gameplay veloz, o título exige que o protagonista se movimente a todo momento para não levar a pior. Atuar na ofensiva pode, inclusive, restabelecer os pontos de vida. Uma vez que você leva dano, há um curto período de tempo (a barra de vida fica laranja) para contra-atacar o inimigo. Sendo assim, a quantidade de HP drenada poderá ser recuperada.
Enquanto muitos títulos induzem o jogador a “farmar” através de um processo entediante, Bloodborne faz o nível de dificuldade elevado ser a maior motivação para repetir a mesma ação inúmeras vezes. Não existem áreas seguras em Yharnam e, por isso, a sensação de desconforto é amplificada a cada mísero centímetro descoberto, o que acaba sempre renovando a experiência. O medo de morrer atiça a curiosidade e incentiva o jogador a explorar o desconhecido.
O medo de morrer incentiva o jogador a explorar o desconhecido (Foto: Reprodução/Victor Teixeira)O medo de morrer incentiva o jogador a explorar o desconhecido (Foto: Reprodução/Victor Teixeira)
No decorrer da macabra jornada, o caçador vai acumulando ecos de sangue para melhorar equipamentos e aprimorar certos atributos, como vitalidade, perícia etc. Depois de morrer, todos os ecos são perdidos e, para recuperá-los, é necessário revisitar o local da morte. Os seus pontos podem estar no chão ou ainda guardados com a aberração que conseguiu destroçá-lo.
Manter-se cauteloso não é uma necessidade, mas sim uma obrigação. Afinal, morrer com frequência certamente fará o jogador empacar na trama, uma vez que ele não conseguirá recuperar os ecos para tornar o caçador mais forte. Não se engane: Bloodborne pode fazê-lo andar em círculos por inúmeras horas. A sensação de estar estacionado fica explícita ao enfrentar um ardiloso inimigo, que consegue aniquilá-lo com apenas um golpe.

Punitivo e prazeroso

Se até aqui Bloodborne aparenta ser um jogo difícil, saiba que ele realmente é. Talvez não tanto quanto Demon’s Souls ou o primeiro Dark Souls, mas ainda assim é um game que pune de todas as maneiras os adeptos à covardia.
Bloodborne é extremamente recompensador. É difícil descrever uma custosa vitória diante de um boss que tomou mais de cinco horas do seu precioso tempo. Uma das sensações mais agonizantes do game é, sem dúvida, quando um monstro assume uma nova forma em um embate praticamente dado por vencido. Perdemos as contas de quantas vezes morremos para a segunda variação dos chefões, que nos surpreenderam com movimentos aterrorizantes.
Prepare-se mentalmente para épicas batalhas (Foto: Reprodução/Victor Teixeira) (Foto: Prepare-se mentalmente para épicas batalhas (Foto: Reprodução/Victor Teixeira))Prepare-se mentalmente para épicas batalhas (Foto: Reprodução/Victor Teixeira)

História para quê? O conto de Bloodborne, que é intencionalmente mal contado, é um mero coadjuvante em meio aos confrontos épicos contra exímias aberrações.Tudo que se sabe é que a cidade de Yharnam foi afetada por uma misteriosa praga, capaz de metamorfosear boa parte da população. Humanos viraram bestas que desfilam deformidades, e bestas tornaram-se aberrações indômitas. Poucos caçadores sobreviveram.

Cooperativo entre até 3 jogadores

Cansou de morrer no modo offline? Então, chame os amigos ou jogadores aleatórios para ajudá-lo em um determinado trecho da campanha. Pediu para sair em uma dungeon gerada randomicamente? Não tem problema! Os seus parceiros de batalha poderão distrair os inimigos, enquanto você cumpre determinado objetivo, como ativar uma alavanca.
Durante os testes, os servidores estavam indisponíveis. Portanto, não foi possível analisar a estabilidade do modo cooperativo. Especialmente no NG+, que é habilitado após o término do modo história, a ajuda de outros jogadores deve ser indispensável.
Bloodborne possibilita partida cooperativa entre até três jogadores  (Foto: Reprodução/Victor Teixeira)Bloodborne possibilita partida cooperativa entre até três jogadores (Foto: Reprodução/Victor Teixeira)

O macabro também é belo

Bloodborne é um dos jogos mais belos do console mais recente da Sony. Isso é facilmente compreendido, já que ele foi criado para uma única plataforma, explorando apenas o hardware do PlayStation 4. Tudo é lindo e digno de ser ressaltado. Além disso, é preciso destacar os impressionantes efeitos de iluminação, capazes de gerar ambientes góticos exuberantes, com corpos em decomposição refletindo a luz da Lua.
O trabalho de arte é macabro e consegue embelezar a podridão do universo assolado pela misteriosa epidemia. Na parte sonora, o game da From Software é quase um jogo de horror, com gemidos, grunhidos e barulhos indescritíveis, que transcendem os limites do sinistro. Além disso, o game está disponível no Brasil totalmente em português.

Conclusão

Bloodborne proporciona uma experiência hardcore assustadoramente imersiva. Com um sistema de combate perfeito e a típica dificuldade elevada da série Souls, a nova franquia da From Software comprova o que todos nós já sabíamos: a fórmula de punir o jogador com os próprios erros continua dando certo.

Prós                                                                                           Contras
  • GRÁFICOS  10                                                               Não Há!
  • JOGABILIDADE 10
  • DIVERSÃO 10
  • SOM 10

Escrito por

Alexandre Vieira
Apaixonado pelo mundo dos videojogos e principalmente Jrpgs e fã da serie Final Fantasy.

5 comentários :

  1. O jogo é incrível e foi muito além das minha expectativas. Com toda certeza é mais que merecedor do clamor por esta e as demais análises! :)

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  2. Comprei o meu, e estou aguardando o garotinho chegar!

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  3. Eu ainda não comprei meu Ps4, mas juro a você que estou me mordendo todo para comprar esse jogo.

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  4. Pois é galera, eu também estou sofrendo uma tortura grande, pois ainda não comprei meu Ps4, não é por falta de grana, mas é que estava aguardando algo que de fato me desse empolgação de comprar. Mas maldita hora que testei esse jogo na casa de um colega, estou sempre na Pagina de um Ps4 sofrendo para não apertar aquele botão "COMPRAR".



    Hoo mundo cruel!

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  5. Eu comprei no ME, estou esperando chegar, de fato não vi um local que fale mal do jogo, acredito que não vou me arrepender. Esse sim, é um exclusivo que vale a pena!

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