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sábado, 1 de fevereiro de 2014

Silent Hill comemora 15 anos de terror psicológico e profundos medos


 Silent Hill completa 15 anos de terror nos videogames. Criada por Keiichiro Toyama (criador também da série Siren) e publicado pela Konami, o primeiro jogo foi lançado em 31 de janeiro de 1999 e fez com que a série Silent Hill mudasse as bases do terror em sua época. Até hoje alguns títulos da franquia são lembrados como os mais assustadores jogos de todos os tempos.

Silent Hill completa 15 anos como uma das melhores séries de terror (Foto: Divulgação)
Silent Hill completa 15 anos como uma das melhores séries de terror (Foto: Divulgação)


Silent Hill
Após o sucesso de Resident Evil no PlayStation, a Konami começou um projeto para criar um título que fosse tão popular no ocidente quanto a série da Capcom. Após 3 anos de desenvolvimento e contra todas as chances, foi lançado o primeiro Silent Hill em 31 de janeiro de 1999 para o PlayStation.
Diferente de Resident Evil, que tinha um mundo relativamente realista, onde um vírus criado em laboratório foi responsável pelo surgimento de zumbis, Silent Hill explorava vigorosamente o oculto e o sobrenatural. Enquanto Resident Evil o game da Capcom confiava em sustos, Silent Hill projetava um profundo medo psicológico, um desconforto único.
Rastros de sangue eram uma das formas de medo indireto no Silent Hill original (Foto: ebay.com)Rastros de sangue eram uma das formas de medo indireto no Silent Hill original (Foto: ebay.com)
O jogo focava a história de Harry Mason e sua filha Cheryl visitando inocentemente a cidade de Silent Hill, quando coisas estranhas começam a acontecer e a menina desaparece, lançando o pai em uma jornada de resgate. Silent hill também ficou conhecido por oferecer vários finais diferentes e até mesmo bizarros.
O jogo impressionava tecnicamente na época trazendo grandes ambientes abertos, mas cobrindo-os com uma névoa, que tinha tanto um papel técnico quanto artístico. Em outros momentos, contrastava os ambientes abertos com locais fechados e claustrofóbicos. Isso tudo sempre com a possibilidade de monstros surgirem, emitindo um ruído desesperador de estática em um rádio que Harry carregava.
Time Silent
Durante uma reestruturação da Konami no Japão, que viria a dar a luz a títulos como Metal Gear Solid e Silent Hill, o designer Keiichiro Toyama montou um time que tinha tudo para dar errado. O Team Silent, ou Time Silent, como ficou conhecido, era composto por vários integrantes que não haviam tido sucesso em projetos anteriores e estavam quase indo embora da companhia.
Keiichiro Toyama liderou o Team Silent na criação de Silent Hill (Foto: soloxboxone.com)Keiichiro Toyama liderou o Team Silent na criação de Silent Hill (Foto: soloxboxone.com)
A equipe trabalhou nos quatro primeiros episódios da franquia entre os anos de 1996 e 2004, com nomes como Masashi Tsuboiyama, diretor de Silent Hill 2 e Kazuhide Nakazawa, de Silent Hill 3, além do conhecido diretor de som Akira Yamaoka, responsável pelo excepcional setor sonoro. A equipe acabou sendo dissolvida e o desenvolvimento de Silent Hill foi confiado a estúdios ocidentais.
Silent Hill 2
Logo após o sucesso do primeiro Silent Hill no PlayStation original, veio o lançamento do PlayStation 2, o novo console da Sony que tomaria o mercado nos próximos anos. Em 2001 era lançado Silent Hill 2, um jogo ainda mais assustador que o original com uma história ainda mais profunda.
A cidade de Silent Hill estava de volta, mas não em uma sequência direta. Dessa vez o protagonista é James Sunderland, que resolve visitar Silent Hill após receber cartas de sua esposa convidando-o para tal. Até então não parece haver nada de estranho, não fosse pelo fato perturbador de que a mulher de James já havia falecido.
Até hoje Pyramid Head de Silent Hill 2 é uma das mais bizarras criações da série (Foto: silenthill.wikia.com)Até hoje Pyramid Head de Silent Hill 2 é uma das mais bizarras criações da série (Foto: silenthill.wikia.com)
A história se desenvolve de uma maneira muito mais marcante, pois enquanto Harry era um personagem bem genérico, para representar o jogador, James é um personagem próprio, com passado e segredos. É exatamente a forma como Silent Hill explora o psicológico de James, refletindo-o, que torna a história tão profunda.
O poder extra do PlayStation 2 permitia que a névoa agora fosse apenas artística, sem as limitações técnicas do seu predecessor. Com mais detalhes visuais o jogo criou alguns dos inimigos mais bizarros e icônicos da série, como as enfermeiras e o assustador Pyramid Head.
Silent Hill 3
Mesmo com o sucesso da sequência em uma nova direção, o terceiro capítulo da saga voltou às origens em 2003, também no PlayStation 2, trazendo a história de Heather Mason, filha do protagonista Harry Mason do primeiro jogo. A história se passa 17 anos após os eventos originais e leva a menina para Silent Hill a fim de entender suas origens.
Silent Hill 3 trouxe gráficos extremamente detalhados ao PlayStation 2 (Foto: silenthill.wikia.com)Silent Hill 3 trouxe gráficos extremamente detalhados ao PlayStation 2 (Foto: silenthill.wikia.com)
Marcada como a primeira protagonista feminina da série, Heather evoluiu o papel dos personagens mais uma vez. Ela recusa-se a ser uma mocinha frágil, apresentando uma boa personalidade e um toque de adolescente rebelde. Citando Ray Bradbury, Heather é da idade “17 e doida”, pois as duas coisas não se separam.
Tecnicamente o jogo impressionou muito na época, trazendo gráficos que até então muitos não haviam visto no PlayStation 2. Os cenários eram detalhados, a iluminação era soberba e os personagens tão realistas quanto a época poderia permitir.
Silent Hill HD Collection
Durante a onda de remasterizações em alta definição que a indústria passou nos últimos anos, a Konami revisitou franquias como Metal Gear Solid e Zone of the Enders, relançando-os para o Xbox 360 e PlayStation 3 com gráficos melhorados. Imagine a alegria dos fãs quando foi anunciado que Silent Hill 2 e 3 também receberiam esse tratamento.
Silent Hill HD Collection acabou ficando diferente demais do original (Foto: destructoid.com)Silent Hill HD Collection acabou ficando diferente demais do original (Foto: destructoid.com)
Porém, o que vimos a seguir foi um show de trapalhadas que viria a resultar em um péssimo produto final. Aparentemente, a Konami havia perdido o código fonte, a programação original, dos dois jogos e a empresa que fez a remasterização teve que trabalhar com versões anteriores que não estavam finalizadas.
O resultado final, lançado em março de 2012 após vários atrasos, foi uma versão em alta definição de Silent Hill 2 e 3, originalmente do PlayStation 2, que por incrível que pareça apresentavam-se piores ao serem executados no Xbox 360 e PlayStation 3.
Silent Hill 4: The Room
Após três jogos de sucesso, porém relativamente parecidos, o Time Silent decidiu fazer algo diferente, fora da cidade de Silent Hill. O game, lançado em 2004 para PlayStation 2, Xbox e PC, segue a história de Henry Townshend, um homem aparentemente comum que levava sua vida normal em seu apartamento, até que de repente se vê trancado nele há 5 dias, sem conseguir sair.
Ainda mais claustrofóbico do que antes, The Room tranca jogadores em um quarto (Foto: moddb.com)Ainda mais claustrofóbico do que antes, The Room tranca jogadores em um quarto (Foto: moddb.com)
Eventualmente portais começam a aparecer na casa de Henry, levando-o para locais diferentes onde assassinatos estão ocorrendo. A história dá uma guinada para o bizarro como apenas Silent Hill sabe fazer, envolvendo um misterioso serial killer e ocultismo, lançando Henry em uma jornada para impedir os assassinatos.
Apesar de ter tido um relativo sucesso, muitos consideram Silent Hill 4 como o jogo mais fraco da quadrilogia original. Este foi também o último título da série desenvolvido pelo Team Silent antes de ele ser desmembrado.
Terror em Silent Hill e Silent Hill: Revelação
Com todo o sucesso da franquia, logo Silent Hill foi cogitado para uma adaptação para os cinemas. Em 2006 o filme Terror em Silent Hill foi lançado, dirigido pelo diretor francês Christophe Gans, com uma história própria que pegava vários elementos emprestados de diferentes jogos da franquia.
Assim como muitos jogos Silent Hill não deu sorte no cinema (Foto: silenthill.wikia.com)Assim como muitos jogos Silent Hill não deu sorte no cinema (Foto: silenthill.wikia.com)
Apesar de o filme faturar alguns milhões, ele não teve muito sucesso. Fãs dos jogos não gostaram da história retalhada que não seguia nenhum dos títulos dos videogames e a qualidade do filme em si não era suficiente para o resto do público. Em sites de crítica de filmes ele chega a ter notas tão baixas quanto 3/10.
Um pouco mais recente, em outubro de 2012, tivemos o filme Silent Hill: Revelação, escrito e dirigido por Michael J. Bassett. O filme segue um pouco o enredo de Silent Hill 3, trazendo Heather Mason como protagonista, mas a história se repetiu, tendo pouco lucro no cinema e pouca aprovação dos fãs. Curiosamente, ele também recebeu notas que chegam a 3/10 em sites de crítica de filmes.
Silent Hill: Origins
Após Silent Hill 4 e o fim do Time Silent, a Konami decidiu voltar às origens com Silent Hill: Origins, chamado no Japão de Silent Hill Zero e desenvolvido pela Climax Studios do Reino Unido. Lançado originalmente para o PSP e depois também para o PlayStation 2, o game retomava o estilo do primeiro Silent Hill para contar eventos que aconteceram até mesmo antes do jogo original.
Silent Hill: Origins voltou às raízes com certa competência (Foto: ign.com)Silent Hill: Origins voltou às raízes com certa competência (Foto: ign.com)
A história conta os eventos que aconteceram com Travis Grady, um caminhoneiro que quase atropelou uma menina ao passar pela cidade de Silent Hill. Ela foge e o protagonista a persegue para ver se ela estava bem, sendo então preso em uma história que precede os eventos do primeiro Silent Hill e até partilha alguns personagens em comum.
Inicialmente o jogo fez bastante sucesso, mas a falta de popularidade do PSP na época não permitiu que ele fosse muito longe. Ironicamente, ao ser convertido para o mais popular PlayStation 2, a atmosfera portátil e os gráficos fracos proporcionados por esta acabaram prejudicando a qualidade do jogo.
Silent Hill: Shattered Memories e Play Novel: Silent Hill
A franquia Silent Hill é primariamente uma franquia de plataformas PlayStation, sendo quase impossível não passar pelos consoles da Sony se você quiser jogar todos os títulos da série. Porém, há dois jogos pouco conhecidos de Silent Hill que foram parar em plataformas da Nintendo.
Silent Hill: Shattered Memories, desenvolvido pela Clima Studios e lançado para o Nintendo Wii em 2009 e posteriormente para o PlayStation 2 e PSP em 2010, foi uma reimaginação do primeiro Silent Hill, novamente seguindo a história de Harry Mason e sua filha Cheryl. Porém, dessa vez o jogo toma um rumo diferente, sem combates e com um pesado fator psicológico.
Shattered Memories traz bons gráficos e iluminação para o Wii (Foto: ign.com)Shattered Memories traz bons gráficos e iluminação para o Wii (Foto: ign.com)
Toda a história é contada do ponto de vista de um personagem falando com um psiquiatra, onde ocasionalmente é pedido que o jogador interaja com certas ações, que mudarão o rumo do jogo. Os gráficos são detalhados, com boa iluminação. O combate foi substituído por momentos em que o jogador deve correr dos monstros. O título até teve um relativo sucesso, mas acabou não agregando tanto quanto o Silent Hill original.
Um título muito menos conhecido é Play Novel: Silent Hill, lançado exclusivamente no Japão em 2001 para o GameBoy Advance, na época, líder de mercado sem concorrentes. Trata-se de um jogo de aventura em texto que também recontava os eventos do primeiro Silent Hill, com mais opções, porém nenhum gráfico, som ou qualquer coisa que lembrasse o terror característico da série.
Silent Hill: Homecoming
Considerado por muitos como o início da queda da série, Homecoming seria o “Silent Hill 5″, desenvolvido pelo estúdio Double Helix Games dos Estados Unidos, lançado em 2008 para Xbox 360, PlayStation 3 e PC. Por ser o primeiro Silent Hill desenvolvido por uma produtora americana após o fim do Time Silent, havia muito ceticismo ao redor do jogo.
O poder extra do Xbox 360 e PlayStation 3 permitiram que Silent Hill desse um salto gráfico bem necessário para a franquia. Porém, o que Homecoming ganhou em realismo, acabou perdendo em sutileza.
Um soldado em Silent Hill acabou não combinando com o clima do jogo (Foto: taringa.net)Um soldado em Silent Hill acabou não combinando com o clima do jogo (Foto: taringa.net)
O terror de Silent Hill, que sempre foi mais psicológico e baseado em um constante medo e desconforto, se tornou algo mais explícito, mais próximo do que se veria em Resident Evil, com foco em sustos e no combate. Isso fica ainda mais claro quando vemos o protagonista do jogo, Alex Shepherd, soldado das Forças Especiais.
Alex está voltando para casa, coincidentemente pegando uma carona com Travis Grady de Silent Hill: Origins, quando descobre a cidade tomada por uma estranha névoa e parte para investigar o desaparecimento de seu irmão. A história acaba não surpreendendo muito, diferente dos outros capítulos da série.
Silent Hill: The Escape
Apenas para não dizer que Silent Hill ficou fora da onda dos smartphones, Silent Hill: The Escape foi lançado em 2008 para o iPhone, desenvolvido pela própria Konami. Trata-se de um jogo simples em primeira pessoa onde jogadores têm que escapar de um labirinto, o qual está infestado de monstros.
The Escape traz um labirinto cheio de enfermeiras e pouca munição (Foto: mobygames.com e appadvice.com)The Escape traz um labirinto cheio de enfermeiras e pouca munição (Foto: mobygames.com e appadvice.com)
Inicialmente você terá uma arma para se defender, porém, com munição bem limitada e uma vez que ela se esgote apenas terá uma barra de ferro para se defender. A jogabilidade é estranha, o conceito não é exatamente original, mas não deixa de ser um Silent Hill portátil.
Silent Hill: Downpour
Na tentativa de consertar os erros de seu predecessor, Silent Hill: Downpour, foi lançado em março de 2012 para Xbox 360 e PlayStation 3, sendo desenvolvido dessa vez pela Vatra Games. Porém, novamente o jogo falhou em agradar e foi óbvio demais na maior parte do tempo. Uma das críticas mais duras chegou a avaliá-lo com um 4.5/10.
Downpour tentou melhorar os erros de Homecoming mas ainda não acertou a mão (Foto: yourgame.it)Downpour tentou melhorar os erros de Homecoming mas ainda não acertou a mão (Foto: yourgame.it)
Downpour segue a história de Murphy Pendleton, um homem que estava na prisão por roubar uma viatura policial e que aceita um acordo escuso para assassinar um pedófilo. Porém, durante sua transferência entre prisões, o veículo em que ele se encontrava sofre um acidente e Murphy acaba entrando nos arredores de Silent Hill.
O jogo não é exatamente pior do que Silent Hill: Homecoming, mas sofre de vários dos mesmos problemas, como ser óbvio demais e não ter a sutileza do terror de outrora. Se por um lado Downpour conserta alguns erros, por outro comete novos, o que deixou a franquia meio estagnada.
Silent Hill: Book of Memories
Para relembrar esses 15 anos de Silent Hill, nada melhor do que Silent Hill: Book of Memories, desenvolvido pela WayForward Technologies e lançado em outubro de 2012 para o PS Vita. O jogo é completamente diferente dos outros da franquia, mas traz vários dos seus personagens, cenários e inimigos, relembrando tudo como em um álbum de recortes.
Book of Memories não tem terror mas ainda se passa em um mundo bizarro (Foto: relyonhorror.com)Book of Memories não tem terror mas ainda se passa em um mundo bizarro (Foto: relyonhorror.com)
Book of Memories é um jogo de ação com alguns elementos de RPG onde até quatro jogadores podem calçar os sapatos de personagens famosos da franquia e cooperar entre si enquanto revivem vários momentos da história de Silent Hill e enfrentam alguns de seus mais icônicos inimigos.
Obviamente o jogo não tem nada do terror característico da série e tem também muitos defeitos próprios, porém ainda serve como uma bizarra festa em Silent Hill, uma inusitada comemoração do aniversário de quinze anos da franquia.

Escrito por


Alexandre Vieira
Apaixonado pelo mundo dos videojogos e principalmente Jrpgs e fã da serie Final Fantasy.

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